segunda-feira, 30 de novembro de 2009




...Eu sentia que dentro de mim, alguma coisa nova estava nascendo!!

 Caio Fernando Abreu

Quando a amor acontece



  





Ele surge meio que assim de repente;

Chega manso, mas incendeia num instante;

Leva-nos da tristeza a um estado de contente,

E o coração da gente fica muito mais vibrante.



O amor se apresenta, às vezes, pouco estranho;

Vem colorido com cores de lindos matizes,

Vem pequeno, mas com o tempo cresce no tamanho;

Mas seja lá como for, sempre nos deixa felizes.



Algumas vezes o amor chega sem ser notado,

É quando ele nasce por dentro primeiro,

Sem revelar a paixão física, meio descuidado,

É um misto de amor e ternura que nos toma por inteiro.



Amor que é amor não morre nunca de forma trágica,

Ao contrário da paixão que sempre acaba em tristeza,

O amor, quando chega, vem como num passe de mágica

E traz consigo alegria e a plenitude da beleza.



Há momentos em que o amor começa como num sonho,

Ele chega sem avisar, não importa o tempo e nem a hora,

Ele deixa leve tua alma, elimina todo pensamento tristonho,

E tu o aceitas, o abraças, e não queres que ele vá embora.



Tu sabes que estás amando e sentes isso em teu rosto,

O primeiro toque faz teu corpo vibrar de tanta emoção,

Ah e o suspiro que dás quando sentes o beijo no pescoço!

Diz-me, não tens vontade de entregar teu coração?



A carícia que te faço transforma-te numa bela escultura,

Tua pele fica fria onde antes só a chama forte ardia;

E explorar teu corpo docemente torna-se uma aventura,

E a cada toque meu todo teu corpo se arrepia.



E na hora em que minhas mãos te afagam os seios,

Sinto que o desejo inflama a paixão que já não é pouca,

E tateio teu corpo e já não sinto nenhum bloqueio,

Beijo-te inteira e termino com minha língua em tua boca.



Depois, chegada a hora do aconchego que te faço,

Te sinto lânguida e tua respiração suave me entontece,

Te trago mais perto e te prendo com meu abraço,

Podes crer: é assim que meu amor acontece!



Ivan Jubert Guimarães



Um ao lado do outro, - assim juntinhos,


mãos enlaçadas num enlevo infindo,

- seguem... a imaginar que estão seguindo

o mais suave de todos os caminhos...



Com gravetos de sonho vão construindo

na terra, como no ar os passarinhos,

a esplêndida ilusão de um mundo lindo,

entre beijos, sorrisos e carinhos...



Nada tolda os seus olhos... Nem um véu...

Andam sem ver os lados, vendo o fim

e o fim que vêem é o azul do céu...



Ah! se a gente, tal como namorados,

pudesse eternamente andar assim

pela vida a sonhar de braços dados!



- J.G. de Araújo Jorge -


"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrimas, nuvens, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, namorado mesmo, é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira; basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim não tem nenhum namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria e drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinicius de Moares ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; da ânsia enorme de viajar para a Escócia de avião ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto.

Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não descobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show de Milton Nascimento, bosques, ruas de sonho ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu amado ser paquerado.

Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz.

Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com as margaridas ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.





ENLOU-CRESÇA!!!



- Carlos Drummond de Andrade -

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Martha Medeiros






O amor não acaba.

O amor apenas sai do centro das nossas atenções.

O tempo desenvolve nossas defesas,nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota,somos nós que ficamos esgotados de sofrer,ou esgotados de esperar,ou esgotados da mesmice.Paixão termina,amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços,enquanto for bem-vindo,e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais,mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

Antoine Saint-Exupèry





"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas.

Para uns, que viajam, as estrelas são guias.

Para outros, elas não passam de pequenas luzes.

Para outros, os sábios, são problemas.

Para o meu negociante, eram ouro.

Mas todas essas estrelas se calam.

Tu porém, terás estrelas como ninguém...

Quero dizer: quando olhares o céu de noite,

(porque habitarei uma delas e estarei rindo),

então será como se todas as estrelas te rissem!

E tu terás estrelas que sabem sorrir!

Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido.

Tu serás sempre meu amigo

(basta olhar para o céu e estarei lá).

Terás vontade de rir comigo.

E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto...

e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te

rir olhando o céu.

Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"